MORRE EM SÃO PAULO UM EXPOENTE DO JORNALISMO BRASILEIRO.

A família prosperava na Itália até o avanço do fascismo de Mussolini obrigar a busca por ares mais seguros. Nascido em Nova York, em 1907, Victor decidiu retornar à cidade em que vivera apenas seus dois primeiros anos. Na viagem, o casal com o pequeno Roberto fez escala em Londres, e ali nasceu o segundo filho, Richard, em 1939.
Zanone Fraissat - 8.out.2012/Folhapress
Roberto Civita, presidente do grupo Abril, na Sala São Paulo, em outubro de 2012
Roberto Civita, presidente do grupo Abril, na Sala São Paulo, em outubro de 2012
Dez anos depois, Victor seguia o conselho do irmão mais velho, César, dono da Editorial Abril de Buenos Aires, e veio tomar conta da filial recém-instalada em São Paulo. Trouxe a família, mas em 1953 Roberto retornou aos Estados Unidos para concluir sua educação formal. Nos três anos em que fez o secundário em São Paulo na Graded-Escola Americana, RC editou o jornalzinho escolar.
Queria ser físico nuclear, mas não se saiu tão bem na Rice University, no Texas. Foi se formar em jornalismo e economia na Universidade da Pensilvânia, com um estágio no grupo Time-Life.
Conheceu Henri Luce, criador da "Time", "Fortune" e "Life", mas foi com o editor Lee Hall que aprendeu muito do que veio a aplicar na Abril. Após o estágio foi convidado a assumir a vice-direção do grupo em Tóquio. Mas seguiu o pai e veio trabalhar em "algo que seria seu".
De volta ao Brasil, em 1958, foi recebido no porto de Santos pelo pai, que perguntou sobre seus planos: "Quero criar aqui a 'Time', a 'Fortune' e a 'Playboy'". Dez anos depois Roberto iniciou a primeira delas, "Veja".
REVISTA "VEJA"
Hoje a terceira maior semanal do mundo, a revista foi bombardeada nos primeiros anos. "Ou a Abril acaba com a Veja ou a Veja acabará com a Abril", dizia um relatório da diretoria. Roberto driblou os vice-presidentes e obteve carta branca do pai.
Versão de "Fortune", "Exame" se consolidou em 1971. "Playboy" foi lançada como "A revista do Homem" em 1975. RC ia cumprindo o que prometera ao pai.
Sempre foi reservado, mais reflexivo, talvez marca da convivência com o pai, pouco efusivo com o primogênito e mais aberto com Richard, que também era o preferido de Sylvana -"os olhos azuis da mamãe". Prudente, ouvia e se aconselhava quando se via frente a decisões complexas -como publicar a entrevista de Pedro Collor, detonadora do impeachment de Collor.
Reproduziu com Richard a discordância que o pai tivera quase três décadas antes com o tio Cesar. Victor nunca aceitou ter de discutir com o irmão mais velho as estratégias que se revelavam sempre acertadas em relação ao mercado brasileiro. Assim, comprou aos poucos a parte do irmão na empresa criada por este em 16 de dezembro de 1947, segundo o contrato nº 100.324 da Junta Comercial do Estado de São Paulo (embora a história oficial da Abril fixe a data em 1950). Originalmente Sociedade Anônima Impressora Brasileira, logo tomou o nome e a árvore da empresa argentina. Após 15 anos, a Abril pertencia 80% a Victor e 20% ao filho de César, Carlo Civita.
O ano de 1982 marcou o racha entre RC e Richard. Por decisão do pai, RC passou a cuidar da linha editorial, enquanto Richard ficou com a administração. Desta vez o pai ficou ao lado do primogênito, deixando a Abril com Roberto, e Richard ficou com a divisão de livros, fascículos, frigoríficos e hotéis.
Com um perfil mais técnico, Roberto contrastava com os arroubos criativos do pai. Era RC quem conseguia plasmar as intuições de VC, tornando-as sucessos editoriais. Se Victor era um excelente relações públicas, Roberto implantou na empresa uma visão profissional de gestão editorial, nos moldes americanos. A independência editorial e a separação dos interesses comerciais do trabalho jornalístico foram obras de RC.
Um de seus maiores êxitos foi dobrar a resistência dos donos de bancas de jornais do Rio, num acordo histórico que permitiu implantar o sistema de assinaturas, garantindo o sucesso de "Veja" e a expansão da editora.
Por ocasião da morte do pai, Roberto se reconciliou com seu irmão Richard. E cultivava uma carinhosa relação com o tio, César Civita, falecido em Buenos Aires em 2005, aos 99 anos.

INFORMAÇÕES DA FÔLHA.

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